"Foram quase dois anos de pesquisas e descobertas. O resultado vem à luz a partir do próximo sábado, quando abre em Lisboa a exposição “Tanto Mar – Fluxos Transatlânticos do Design”. A promoção é do #MUDE – Museu do Design e da Moda, cuja diretora, Bárbara Coutinho, é co-curadora da mostra. Nesse período, houve uma intensa e super rica partilha de olhares entre nós duas, cada uma com a sua perspectiva particular, a partir de um dos lados do Atlântico. A seleção final inclui cerca de 160 peças de diferentes tipologias, tais como móveis, roupas, joias, utensílios, ferramentas, objetos decorativos, paineis de azulejos, tecidos, ilustrações, marcas e publicações, do século 18 até hoje. Tanto Mar é uma malha de diálogos, afinidades e influências. Entre os participantes do lado brasileiro, Alice Flor,Bete Paes, Brunno Jahara Eliane Stephan, Heloisa Crocco, Lino Villaventura, Marcia Cirne, Maurício Azeredo, Marina Sheetikoff, Miriam Mirna Korolkovas, Renata Meirelles, Renato Imbroisi, Ricardo Leite, Oficinaethos Marcenaria. O grande Fernando Lemos, português que vive há sete décadas em São Paulo, concebeu o cartaz da exposição. Mana Queiroz Bernardes desenvolveu durante 9 meses um projeto especial para a exposição em conjunto com o maravilhoso grupo português #AAvóveiotrabalhar. Como o prédio do MUDE está em reformas, a exposição vai ser no Palácio da Calheta, em Belém."
Adélia Borges
Calçada Mar Largo, por Fernando Conduto em 1998 e Candeeiro por Cláudia M. Salles em 2015 |
A exposição propõe-se traçar um mapa de fluxos entre Portugal e Brasil, focando a atenção no design e na cultura material de cada país, de modo a problematizar a natureza dessas trocas e tentar entender como espelham a identidade e a história de cada um. A partilha de olhares e ideias entre as duas curadoras – Bárbara Coutinho, portuguesa, e Adélia Borges, brasileira – teceu uma malha de trabalhos transversais e autores que vivem cruzando ou unindo o Atlântico Sul. A exposição foca-se nos territórios de Portugal e Brasil, mas olha para a cultura material de alguns países africanos, uma vez que estes fluxos e trocas não foram bidirecionais, envolvendo muitas vezes África.
Banco Mocho, por Sérgio Rodrigues em 1954 e Cartaz do filme Brasil Verdade, por Fernando Lemos em 1964 |
Sem qualquer intenção de criar um discurso cronológico ou de esgotar um tema tão amplo, procura ser um espaço de reconhecimento, consciencialização e debate sobre a riqueza de uma real proximidade entre os dois países.
Entre os vários projetos apresentados encontram-se, por exemplo, Joaquim Tenreiro que traz de Portugal a maestria no trato da madeira para se tornar o “pai” do móvel moderno brasileiro; na direção contrária, encontramos a aplicação das colunas do palácio do alvorada de Óscar Niemeyer no Colégio de Moimenta da Beira, gesto considerado subversivo pela ditadura de Salazar. Mapeiam-se também iniciativas recentes de trabalhos elaborados em conjunto por profissionais das duas nacionalidades.
Exposição “Tanto Mar - Fluxos transatlânticos do design”
10 de março a 15 de julho - Palácio Dos Condes da Calheta
Jardim-Museu Agrícola Tropical - Belém - Portugal
Fonte: MUDE - Museu do Design e da Moda
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